Definir

Amar é viver um sonho que não se sonha só

É o prazer em sofrer

O riso junto ao medo

A certeza em meio a incerteza

Sorrir sem razão

Flutuar ao andar

Arrepiar-se ao lembrar

Amar é não saber nada

Ao mesmo tempo que se sabe tudo

É se calar por desejar dizer

É proferir desejando se calar

É ceder e ganhar

Impossível de se definir

O que apenas sei sentir

Imagem

Estático fico

Quando o que lhe cobre cai

Tua liberdade e força me saltam aos olhos

Fico encantado, inerte, excitado

Teu corpo desnudo soa liberdade

Em pose selvagem fico inebriado

Tua pele intocada, firme e dourada

Aprecio cada curva, cada desenho que nela se forma

Que calor emana

A simples imagem me inflama

O toque me faria enlouquecer

O ritmo do meu coração não acompanha sua dança

O olhar que tu me cravas

Com teus olhos amendoados me seduzem

Suas mãos correndo sobre teus seios entre as pernas passam a repousar

Tua imagem beira a infâmia e repousa na ternura

Um sortilégio arrebatador

Que só não é mais belo de se apreciar que tua força

E teu espírito indomável

Força, mulher

Sob o véu que lhe aprisiona

Abafadas serão tuas súplicas

Castradas serão tuas vontades

Lhe restando apenas consentir

Vejo tuas mãos delicadas

Acompanhadas dos teus olhos penetrantes

Me dizem tudo, diferente da tua boca coberta

Sua força é resistir

Tua existência não é apenas servir

A coragem não pertence àqueles que lhe subjugam

Os donos da tua vida, seus algozes

A recompensa que esperam através do martírio jamais virá

Lhe admiro

Sem ao menos saber como é

Sua garganta serrada engolindo em seco

As lágrimas que já não lhe fazem falta

Nunca se surpreende, raramente se espanta, mas sempre se levanta

Sei que a dor é pungente, lancinante

O medo lhe estremece as pernas

A desesperança habita tua rotina

E seu fim aparenta estar próximo

Sei que jamais trará conforto, mas minhas palavras são tudo que tenho

Lhe oferecerei as mais doces sempre

Desejando que encontre um caminho para fugir

Fugindo para onde possa encontrar uma vida que lhe é merecida

Não abandone as pequenas

Na dúvida, fuja

Na ameaça, corra

E a única certeza, não morra

Resistiu a vida inteira

Não só a sua, mas como as que te antecederam

Então continue sendo firme como sempre foi

Surgindo a primeira oportunidade, fuja

Faça algo que lhe é proibido

Pense em ti e nada mais

A recompensa virá e o amor preencherá

Aquilo que fora vazio

Silêncio

Como gostaria de teus lábios ler

Enquanto escuto o som de tua voz dizer

O que guarda para si em seu peito

Pressinto que a qualquer momento irá me dizer

Mas um sorriso se abre e logo se cala

Me conforta e me desespera

O que iria me dizer?

Contorço-me de vontade de saber

O que iria me dizer

Sinto que sei a resposta

Aguardo inquietante sua voz ouvir e enfim descobrir

Este segredo que guarda e que envolve nós dois

Contudo sigo castigado

Vendo você insistir em guardar

Tudo que precisava e me importava saber